Hegel, a dialética e o embate entre arminianismo e calvinismo.
"Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará."
"Eu sou a verdade, o caminho e a vida."
Jesus Cristo
Não existem duas verdades absolutas sobre o mesmo conceito. Há quem diga que não existe “verdade”, mas, “verdades, pois ainda ecoa através do tempo a pergunta de Pilatos: “o que é a verdade? ”.
"Eu sou a verdade, o caminho e a vida."
Jesus Cristo
Não existem duas verdades absolutas sobre o mesmo conceito. Há quem diga que não existe “verdade”, mas, “verdades, pois ainda ecoa através do tempo a pergunta de Pilatos: “o que é a verdade? ”.
O fato é que existe verdade absoluta. Se um conceito é
verdadeiro, automaticamente e obrigatoriamente o seu contrário é falso. É a
regra geral da tese e antítese. Um determinado conceito ou um sistema de
pensamento não podem, ao mesmo tempo, serem verdadeiros e falsos.
Àqueles que defendem a ideia da pluralidade das verdades a
faz com base em argumentos filosóficos hegelianos.
É interessante mencionar que Hegel usou a ironia e aporia socrática para construir seu próprio sistema. A ironia socrática consistia em partir da total ignorância à respeito de determinado conceito para, através da dialética, buscar de alguma forma, alcançar o sentido do verdadeiro conceito. O problema é que as respostas nunca eram satisfatórias, portanto, nunca se chegava a uma resposta definitiva, ou seja, não se alcançava o sentido verdadeiro e único do conceito. Esta falta de resposta, este ignorante silêncio é a aporia. Sócrates não oferece conceitos definitivos, respostas terminativas, sempre deixando seus opositores imersos em dúvidas. A dialética socrática é negativa, não resolve os problemas filosóficos.
Hegel lançou um olhar prescrutador sobre a dialética socrática e sentiu-se incomodado com proposta negativa de se responder aos conceitos filosóficos e propôs seu próprio sistema que doravante pretendeu resolver a problemática: uma nova dialética. A dialética de Hegel inova a regra da tese e antítese, e desenvolve o conceito de síntese. A síntese é a complementação da regra da tese e antítese, é uma nova proposta de repensar o conceito. Se existe uma realidade contraditória não é possível resolvê-la, mas, sim reconciliá-la numa síntese. Em Hegel não existe mais a verdade absoluta, o que existem são novas possibilidades de pensamentos, o surgimento de novas verdades a partir do exercício dialético. É a relativização da verdade.
É interessante mencionar que Hegel usou a ironia e aporia socrática para construir seu próprio sistema. A ironia socrática consistia em partir da total ignorância à respeito de determinado conceito para, através da dialética, buscar de alguma forma, alcançar o sentido do verdadeiro conceito. O problema é que as respostas nunca eram satisfatórias, portanto, nunca se chegava a uma resposta definitiva, ou seja, não se alcançava o sentido verdadeiro e único do conceito. Esta falta de resposta, este ignorante silêncio é a aporia. Sócrates não oferece conceitos definitivos, respostas terminativas, sempre deixando seus opositores imersos em dúvidas. A dialética socrática é negativa, não resolve os problemas filosóficos.
Hegel lançou um olhar prescrutador sobre a dialética socrática e sentiu-se incomodado com proposta negativa de se responder aos conceitos filosóficos e propôs seu próprio sistema que doravante pretendeu resolver a problemática: uma nova dialética. A dialética de Hegel inova a regra da tese e antítese, e desenvolve o conceito de síntese. A síntese é a complementação da regra da tese e antítese, é uma nova proposta de repensar o conceito. Se existe uma realidade contraditória não é possível resolvê-la, mas, sim reconciliá-la numa síntese. Em Hegel não existe mais a verdade absoluta, o que existem são novas possibilidades de pensamentos, o surgimento de novas verdades a partir do exercício dialético. É a relativização da verdade.
Este introito de natureza filosófica nos ajudará a
compreender o grande embate histórico no campo da teologia: o embate entre a
teologia arminiana e calvinista.
Tenho visto, principalmente nas redes sociais, de um lado; a
tentativa de manter os dois sistemas teológicos em uma convivência pacífica,
reconciliados; e de outro, acirradas e calorosas discussões no sentido de
desqualificar um dos lados com argumentos “ad
hominem” ou detrações teológicas. No meu entendimento, ambos pontos de
vista estão equivocados.
Com relação aos da “convivência pacífica” (esta é a situação
mais perigosa), é preciso perceber que, se um lado está certo o outro,
obrigatoriamente, estará errado. É a aplicação da regra da tese e
antítese.
Na seara da teologia, parto do pressuposto de que o
cristianismo é a verdade absoluta. Jesus é a verdade absoluta e, por conseguinte,
as Escrituras são verdades absolutas.
Então, à guisa de exemplo, se o calvinismo define um conceito (com base nas Escrituras) de eleição e predestinação, não haverá outro diferente. Se o arminianismo define a ordem da salvação (com base nas Escrituras) num sentido, não haverá outro diferente. As Escrituras não possuem diferentes interpretações para as mesmas doutrinas. Se assim o fosse, estaríamos diante de um sistema inseguro (não ortodoxo) repleto de incoerência e contradições.
Deste modo, como os livros da Bíblia não podem ser
contraditórios entre si, exsurge para o teólogo, ou mesmo para o leigo, a
obrigatoriedade de se buscar o sentido último do texto bíblico, não de acordo
com o sistema teológico adotado, mas, sim com base em uma hermenêutica e
exegese ortodoxas. Neste sentido é imperioso se despir dos pressupostos impingidos
pelo sistema teológico adotado, pois este sempre forçara determinada
interpretação a fim de conformar o sentido bíblico ao sistema.
Portanto, o arminianismo e o calvinismo, naquilo que não
concordarem, se excluirão. Um estará absolutamente certo e o outro, por
consequência lógica, absolutamente errado. E o grande problema é que o erro
teológico poderá evoluir para a completa e abjeta heresia.
Destarte, não se pode aceitar que ambos sistemas teológicos
estão corretos e que suas interpretações diferenciadas possam conviver mansa e
pacificamente. Ao assumir tal posição, estaremos, doravante, fazendo a síntese
dos conceitos contraditórios, dando o primeiro passo para a relativização da
verdade, como bem ensinou o filósofo alemão.
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